|
Uma das raças genuinamente nacional reconhecida internacionalmente com registro junto a Fedération Cynologique International – FCI é o nosso Fila Brasileiro. Este cão é uma conquista nossa, um cão da nossa terra e que está amplamente ligado ao crescimento de nosso país.
Mas como se deu o surgimento desse brasileiro?
Apesar de muitos estudos, levantamentos históricos e especulações, nada podemos afirmar positivamente sobre sua origem. O cenário de sua descendência é muito incerto e obscuro. A história remonta para mais de quatro séculos, acompanhando a nossa própria evolução.
Ninguém sabe com certeza qual a sua formação, de onde originou este cão fiel, amoroso e companheiro. Na verdade há várias teorias sobre sua origem.
Já no início da colonização do Brasil, no século XVI, os novos habitantes perceberam a importância de contar com cães capazes de ajudá-los na caça e, sobretudo na intimidação aos indígenas, habitantes originais da terra. Segundo relatos, os novos colonizadores trouxeram junto em suas bagagens, exemplares com características de robustez, de força e grande aptidão como farejadores originários obviamente da Europa. Esses animais protegiam eficazmente seus donos e também se prestavam à perseguição de índios escravos que tentavam fugir das fazendas onde eram brutalmente confinados para a lide nas lavouras.
O que sabemos com certeza, é que este cão viveu muito tempo no interior das fazendas do nosso país, exercendo funções de guarda da propriedade e na lida com o gado. |
|
Com a urbanização da nossa população, ele acompanhou seus donos que se mudaram para as cidades, aparecendo ai mais uma de suas aptidões, a excelência em guardar e proteger o seu espaço, mostrando-se com isto um excelente cão de guarda.
Dentre as várias teorias conhecidas a respeito de seu surgimento, temos a do Dr. Procópio do Valle e ênio Monte, autores do "Grande Livro do Fila Brasileiro – Quatro Séculos da História do Brasil", Livraria Nobel S.A. - BRASELS-WALLACE EDITORA E REPRESENTAÇÕES LTDA. - Rio de Janeiro, Brasil, 1981, um dos únicos e mais completo livro sobre a raça – edições esgotadas.
Os autores começam definindo o nome cão de fila, como sendo um grande cão bravo de espécie vulgar. “Cão de fila, de filar ou filhar, é um cão que agarra a presa e não larga”, afirmam que é um cão de guarda mestiço, com acentuadas características dos cães do grupo dos Mastiff.
Eles defendem a tese do "ciclo", que interligam os cinco elementos mais aparentes da época:
- a floresta;
- a onça;
- o homem;
- o gado, e
- o cão de fila, ou de filar ou filhar. |
|
|
|
A floresta era o país no início de sua formação, estas florestas eram habitadas pelas tão temidas onças. Estas florestas começaram a ser habitadas pelo homem construindo suas casas, levantando povoados e lavorando as terras, onde se desenvolveram as primeiras criações de gado. Para protegê-los, nada mais apropriado e oportuno do que um cão de fila.
De acordo com a teoria dos autores do "Grande Livro", enquanto duraram os cinco elementos, o fila sobreviveu, depois tornou-se desnecessário e quase extinto.
Segundo relatos, apenas em Minas Gerais, onde se deu o ciclo do ouro, os Filas foram mantidos por mais certo período. Com o advento da pecuária leiteira na região mineira, os animais foram tratados com alimentos em abundância, com uma mistura de leite com angu de milho, mantendo sua robustez e saúde.
Outra teoria muito difundida é a de que o Fila Brasileiro seria originário da miscigenação de cães europeus, tendo na sua formação o Mastiff Inglês, o Bloodhound e o Buldogue.
Do Mastiff, herdou a estrutura corpórea sólida e pesada e o formato do crânio, do Bloodhound, a sua pele solta, as orelhas baixas em forma de "v" e o excelente faro, e do Buldogue, a sua incrível resistência à dor e a facilidade em lidar com o gado.
O Fila tem um temperamento forte e marcante, é um cão robusto e com grande massa muscular, além de possuir um faro invejável.
|
|
Inicialmente o próprio padrão da raça dava uma conotação muito grande à sua agressividade extrema, deixando sua imagem bastante associada a um cão perigoso, o que conseqüentemente diminuiu muito sua procura. Mesmo em exposições realizadas pelos clubes cinófilos, os juízes não gostavam de julgá-los em função do perigo que corriam.
Visando amenizar esta situação, em meados dos anos 70, a Confederação Brasileira de Cinofilia – CBKC, buscou abrandar esta agressividade exagerada, fazendo com que muitos criadores passassem a selecionar em seus planteis animais com temperamentos excelentes, mas com caráter menos violentos e mais sociáveis – Isto gerou uma grande controvérsia.
O ápice desta política de desmistificação da raça ocorreu em agosto de 1997, quando o Fila Brasileiro foi a figura principal do programa diário do apresentador Jô Soares. Na ocasião o conceituado criador de São Paulo, Walter Vertuan do Canil Tibaitá Brenda Lee, levou quatro de seus animais ao palco e todos se mantiveram tranqüilos durante todo o programa.
A grande popularidade e importância da raça pode ser medida com o lançamento em 1974 do primeiro selo postal da América Latina com a estampa de um cão, e a raça escolhida foi a do nosso Fila Brasileiro.
Concluindo, não sabemos ao certo o seu passado, porém sabemos o seu presente e prevemos seu grande futuro, e podemos afirmar sim, que o Fila Brasileiro é um cão guardião exemplar de seu espaço dando a sua fama de excelente cão de guarda, no entanto, é um animal que depende de maneira fora do normal do afeto e carinho de seus “familiares” e de uma docilidade e tolerância com as crianças fora do comum.
“Fiel como um Cão de Fila” – ditado popular que retrata de fato o caráter desse cão para com os que estão a sua volta. |
|
|
|